Estranhamente nenhum de nós os
dois dormiu bem, apesar de nunca termos acampado tão perto de um local sagrado
como na última noite. Depois do pequeno-almoço em conjunto, trocamos contactos
e despedimo-nos. O calor continua e a 7 km do parque de campismo tenho Burrel,
a única cidade existente entre a fronteira e a costa ao longo desta estrada,
onde na praça principal um sem número de furgões espera clientes. Na Albânia
quase não existem autocarros e o transporte de passageiros é assegurado por
carrinhas de 9, 11 e 15 lugares. A regra é simples: existem horários mais ou
menos estabelecidos mas só é dada a partida quando estiverem dentro do veículo
o número de clientes suficiente para tornar a viagem rentável para o condutor.
Durante cerca de 30 quilómetros a estrada é um carrossel autêntico: ora sobe,
ora desce, curvas apertadas, camiões a deitarem fumo por todos os lados… Mas a
paisagem e às vezes um sorriso vindo da beira da estrada compensam tudo.
Há, no
entanto, uma novidade para os meus olhos… O lago que vejo à minha frente apresenta
uma cor como eu nunca tinha visto, um azul que enfeitiça e inebria os sentidos.
Sorte a minha que a estrada segue justamente ao longo desse espelho azul, até
encontrar duas paredes de rocha verticais que servem de suporte ao paredão de
cimento que sustem a água. Tenho um pedido de couchsurfing aceite para amanhã,
em Shkoder, que fica a pouca mais de 60 km daqui, por isso hoje aproveito e
pedalo até um parque de campismo que fica a cerca de 30 km dessa cidade. Para
lá chegar, e depois de deixar de ter a companhia do rio, tenho de seguir por
uma zona de planície, já perto da costa, onde o trânsito é infernal. Não
admira, esta é a estrada principal que liga a fronteira Norte à fronteira Sul
da Albânia. Quem quiser seguir para a Grécia tem de passar por aqui. Ainda não tinha referido isto, mas na Albânia 70% dos carros sao mercedes. Hummm... tantos Mercedes num país tão pobre? Cheira-me a corrupção! Numa das
aldeias por onde passo,um local de mota mete-se a meu lado e a conversa vai
parar ao mesmo de sempre… de onde sou, se tenho sítio para ficar, se estou
sozinho, se quero erva! O parque de campismo é o
primeiro onde fico na vida que tem um desconto para quem chega de bicicleta.
Como os donos são alemães, a maior parte das autocaravanas, tendas e jipes, são
da mesma nacionalidade.
Como são poucos os quilómetros
que separam o parque de campismo de Shkoder, às 13h30 já estou sentado na praça
principal da cidade à espera do Arbri, o meu anfitrião de couchsurfing nesse
dia. Pelo caminho ainda passo pela maior loja de bicicletas (e talvez a única) que vi no país até agora. Também ele vem de bicicleta para me buscar, aliás, faz logo questão de me
dizer que esta é a cidade com mais bicicletas em toda a Albânia e que também é
a “capital” cultural do país. Seguimos para o apartamento dele, um espaço
amplo, sem divisões e com grafitis e mensagens escritas na parede por outros
couchsurfers que já alojou. Diz-me que talvez tenha companhia hoje, porque é
provável que cheguem durante a tarde uma Estónia e um Português que estão a
viajar juntos. “Um português?” - pergunto eu? Que notícia inesperada! Já tinha
perguntado no hostel onde fiquei em Skopje se lá tinham algum alojado naquela
altura, mas o últimos que tinham tido tinham sido à duas semanas e quatro
semanas atrás, respectivamente. Curioso que também eles viajavam sozinhos.
Estou eu a acordar da minha sesta quando entra o Ardri porta a dentro, acompanhado do Hugo e da Lii. Andam a viajar os dois à boleia desde a Estónia até Atenas. Daí vão apanhar o voo mais barato que encontraram, até à Bélgica e depois seguem novamente à boleia até ao ponto de partida (podem acompanhar a viagem destes dois malucos em www.lobal6vi.blospot.com). Ficamos contentes por encontrarmos outro português que partilha a mesma paixão. Trocamos impressões, ideias e o Hugo diz-me que os amigos em Portugal o acham maluco por viajar assim! “É que é só sair de lá (de Portugal), p’ra ver que anda toda a gente a viajar, de todas formas e feitios”, diz o Hugo. “Pois é Hugo, felizmente o mundo ‘tá cheio de malucos!”, penso eu. O Arbri oferece-nos uma bebida de boas vindas (desde que aterrei em sofia que, esta é uma prática corrente, por todos os países onde passei – foi assim na casa da Iva, no camping em Vranje e no hostel em Skopje. Saímos, comemos um burek e caminhamos até ao lago que fica na zona oriental da cidade. Pelo caminho o Arbri explica-nos como funcionam as coisas na Albânia: tudo é permitido, menos matar! Existem muitas máfias albanesas, mas só uma actua no país – o governo. As outras encontram-se espalhadas por essa europa fora. Por outro lado diz-nos que é também um país onde as pessoas sabem receber os visitantes (basta olhar para o Arbri) que vivem com pouco mas com um sorriso na cara. Se esta é a visão do país de um dos seus habitantes, quem sou eu para discordar? De seguida vamos a um restaurante, pedimos uma girafa de 3 litros de cerveja e uma especialidade local para dividir entre todos. A este ponto já eu decidi que amanhã vou deixar aqui a bicicleta, pegar na mochila, na comida, na tenda, seguir o conselho da Bernii e ir a Thethi, onde se encontra o ponto mais alto dos alpes dináricos. Antes de nos deitarmos ainda temos tempo de deixar um desenho nas paredes do apartamento: o Hugo e a Lii fazem a sua “marca registada” – um sol – e eu deixo uma onda.
Estou eu a acordar da minha sesta quando entra o Ardri porta a dentro, acompanhado do Hugo e da Lii. Andam a viajar os dois à boleia desde a Estónia até Atenas. Daí vão apanhar o voo mais barato que encontraram, até à Bélgica e depois seguem novamente à boleia até ao ponto de partida (podem acompanhar a viagem destes dois malucos em www.lobal6vi.blospot.com). Ficamos contentes por encontrarmos outro português que partilha a mesma paixão. Trocamos impressões, ideias e o Hugo diz-me que os amigos em Portugal o acham maluco por viajar assim! “É que é só sair de lá (de Portugal), p’ra ver que anda toda a gente a viajar, de todas formas e feitios”, diz o Hugo. “Pois é Hugo, felizmente o mundo ‘tá cheio de malucos!”, penso eu. O Arbri oferece-nos uma bebida de boas vindas (desde que aterrei em sofia que, esta é uma prática corrente, por todos os países onde passei – foi assim na casa da Iva, no camping em Vranje e no hostel em Skopje. Saímos, comemos um burek e caminhamos até ao lago que fica na zona oriental da cidade. Pelo caminho o Arbri explica-nos como funcionam as coisas na Albânia: tudo é permitido, menos matar! Existem muitas máfias albanesas, mas só uma actua no país – o governo. As outras encontram-se espalhadas por essa europa fora. Por outro lado diz-nos que é também um país onde as pessoas sabem receber os visitantes (basta olhar para o Arbri) que vivem com pouco mas com um sorriso na cara. Se esta é a visão do país de um dos seus habitantes, quem sou eu para discordar? De seguida vamos a um restaurante, pedimos uma girafa de 3 litros de cerveja e uma especialidade local para dividir entre todos. A este ponto já eu decidi que amanhã vou deixar aqui a bicicleta, pegar na mochila, na comida, na tenda, seguir o conselho da Bernii e ir a Thethi, onde se encontra o ponto mais alto dos alpes dináricos. Antes de nos deitarmos ainda temos tempo de deixar um desenho nas paredes do apartamento: o Hugo e a Lii fazem a sua “marca registada” – um sol – e eu deixo uma onda.
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