Normalmente uma viagem começa com
a preparação, com a consulta de guias e de informações sobre os locais. Esta
viagem também devia ter começado assim. Devia! Uma mudança de casa nas
semanas que antecederam a partida e um assalto à carrinha numa visita a Badajoz
que me fez ficar sem o guia que tinha no mp3, ditaram que não, que não ia ser
uma viagem com muita preparação. Assim, a única coisa eu tinha mais certeza, à
partida de Lisboa, era mesmo o dia de vinda, 23 de Junho para Sofia e o de ida,
a 12 de Agosto em Veneza. Pelo meio já tinha para mim que iria visitar 3
locais: o Parque Nacional de Rila, na Bulgária, o de Mavrovo, na Macedónia e o
Durmitor em Montenegro. O resto do percurso seria feito dia-a-dia, perguntando,
ouvindo os conselhos de outros viajantes e, sobretudo, dos locais. É por isso
que não sabia qual era a origem do nome Macedónia. Não! Afinal não tem nada a
ver com a mistura de vários legumes; o nome vem do grego e deverá significar
Alto.
Na primeira manhã no hostel
conheço um italiano que me fala da maior cidade Roma do mundo. Chama-se Shutka
e fica nos arredores de Skopje. Fico logo entusiasmado com a ideia de ir até
lá, mas sozinho, sem conhecer o sítio… não sei. Conheço também o Johan, alemão
que anda a viajar com a namorada, que esteve em Portugal durante um ano num
programa de intercâmbio. Quando a conheço meto conversa em português e a
Solevai responde com um discurso perfeito. Fala-me logo de Benavente (o sítio
onde foi acolhida por uma família, durante esse ano) e da festa da sardinha
assada. Falar-se de Portugal sem se falar de comida é difícil, eheh! Aproveito para comprar comida e para ver se
encontro um fogão de campismo novo. Claro que encontro e logo à primeira, por
dez vezes menos o preço que em Portugal, no supermercado onde compro a comida.
Durante o resto do dia aproveito
para visitar a cidade, dividida pelo rio em duas zonas distintas: a norte mais
antiga, com o castelo da cidade e a zona turca; a sul edifícios típicos do
regime comunista. Para complicar mais as coisas, a meio (na margem norte do
rio), o governo está a levar a cabo um megalómano projecto de construções
inspiradas nos edifícios clássicos gregos. Espera lá!! Gregos? Então mas os
Gregos odeiam os Macedónios! Explico: a Macedónia é um país com 22 anos de
independência e a sua população é constituída por Eslavos-Macedónios (62%),
Albaneses (25%), Turcos (10%) e a restante está dividida entre Romas e Sérvios. A origem dos habitantes desta região é
Eslava, do centro da Europa e a Grécia nem sequer reconhece a designação do
país, porque Macedónia já é o nome de uma região grega há vários séculos. O
facto de o governo estar à procura de uma identidade nacional, fez com que
fosse buscar o culto dos heróis nacionais, encabeçados por Alexandre “O
grande”. Assim está explicada a causa da construção destes edifícios.
Apesar de tudo esta deve ser a cidade mais moderna que encontro desde que iniciei a viagem: uma frota de autocarros relativamente recente, entre os quais os de dois andares ao mais puro estilo londrino, ciclovias (se bem que nem sempre nas melhoras condições) e uma atmosfera mais descontraída.
Na zona turca, entre ruelas e
becos, procuro um local para almoçar. Para tal sigo sempre a mesma directiva:
ir onde os locais vão, fazer como eles fazem, tentando assim evitar os menus
turísticos e as decorações foleiras. Como um delicioso Byrek com carne,
acompanhado de um iogurte, por 75 cêntimos. Antes de regressar ao hostel ainda
passo pelo bazar (um mundo de sons, cores e cheiros) e visito mesquitas e
igrejas, tudo num raio de 600 metros. Afinal a “nossa” Macedónia não está muito
longe daquilo que é este país - uma mistura saudável (na sua maioria) de
pessoas e religiões.
Estou a acabar de jantar quando o
Johan e a Solevai aparecem e me convidam para irmos ao festival de música que
acontece a 500 metros dali. Uma banda local surpreende-nos com a
qualidade da música, que vamos apreciando com uma cerveja Macedónia na mão Podem dar uma olhadela no youtube em "Superhiks"). O
Johan conta-me que trabalha numa organização alemã que faz projectos em locais
socialmente mais “sensíveis” e que o penúltimo trabalho foi em Shutka, onde
esteve a construir zonas de lazer para as crianças. No dia seguinte vai lá
levar a namorada e convida-me para ir também! Boa! Não só vou lá, como ainda
vou ter o privilégio de ir com uma pessoa que conhece o local e os locais.
De cada vez que aqui venho deixar um comentário não sei o que acontece que perco sempre!!! E perco antes de ser publicado!
ResponderEliminarAcaba por me chatear e desisto. Hoje também "andei aqui às voltas". A ver se finalmente atinei com isto!
0.75€ um jantar? Nossaaaaa! Que lindas fotos, que lindas historias! Ando a adorar!!! Parece que ando aí de bicicleta Ctg :))))